61º Passeio Abril 2006
"Campo em flor”
Os Caminheiros dos Pimpões, no último domingo do mês de Abril, escolheram a aldeia do CAMPO, da Freguesia de Tornada, para usufruir os segredos, as lendas e os encantos desta terra e concretizar mais um dos seus passeios pedestres.
A Freguesia, além dos lugares do Campo e Tornada, engloba também os aglomerados do Chão da Parada, Reguengo, Casais dos Morgados, Mouraria, Casais do Rio do Peixe e Casais do Vau.
O CAMPO, situado a curta distância das praias, com importantes linhas de água, belezas naturais e a hospitalidade das suas gentes, tem-se tornado, ao longo dos tempos, num dos locais mais procurados pelos amantes da natureza.
Dir-se-ia que aqui se concentra, em escala reduzida, tudo quanto traça a beleza e o carácter das populações rurais: gente simpática e laboriosa, várzeas polvilhadas de pequenas culturas, o "casamento" entre o azul do céu e o verde da paisagem.
As acessibilidades são boas atendendo a que se encontra perto de Caldas da Rainha, (a desenvolver-se como bairro limítrofe da cidade), localizada perto da auto-estrada A/8 e atravessada pela linha do Caminho de Ferro do Oeste (que nos faz companhia, algumas vezes, durante a caminhada).
Estes factores têm contribuído para a implantação, no perímetro da aldeia, de uma das mais importantes zonas industriais do Concelho. Desempenham papel de relevo na economia local e regional as indústrias da cerâmica, alimentares, madeiras, rolamentos, o comércio e a agricultura.
Sobre o seu passado histórico pouco sabemos. Dos seus monumentos mais importantes apenas se destaca a capela dedicada a S. Brás, cujo patrono se celebra nesta aldeia a 22 de Janeiro. O cemitério construído em 1941, deve a sua existência à persistência da população e justifica-se pelos anteriores maus acessos ao cemitério na sede de freguesia.
A Escola do 1º Ciclo, uma das obras do Estado Novo, foi inaugurada em 1956. O apeadeiro dos Caminhos de Ferro, também da década de 50, igualmente se deve à forte união que sempre se faz sentir entre os moradores do Campo.
Sobre a importância do associativismo não podemos deixar de destacar a União de Beneficência do Campo, fundada a 19 de Fevereiro de 1908, sendo também muito conhecida por “Irmandade”. A partir de 2003 esta instituição foi legalmente constituída como Associação de Desenvolvimento Social.
A União de Beneficência, sem sede própria, teve sempre um papel social de destaque quer na construção do cemitério (1941), na atribuição de subsídios de funeral e de luto, nos “abonos” de doença, quer nas garantias do vencimento e alojamento dos professores que vinham ensinar as primeiras letras aos moradores desta terra.
Presentemente, as principais preocupações da União concentram-se na instalação de um centro de convívio para os mais de cento e cinquenta idosos, que merecem todo o apoio e carinho por parte das gerações mais novas, actividade esta a desenvolver-se nas actuais instalações da Associação de Cultura e Recreio.
A Associação de Cultura e Recreio do Campo, fundada em Dezembro de 1976, tem tido, por outro lado, um papel de destaque na dinamização de actividades desportivas, entre as quais se destacam o futebol, a ginástica, o atletismo, a pesca, o cicloturismo e os jogos tradicionais, como o chinquilho.
Em 1991 e 1992, importantes obras foram inauguradas na aldeia: a remodelação do campo de futebol, a pista de atletismo e a pista de corta-mato. Segundo o Presidente da Associação “durante quatro anos o Campo foi palco de importantes provas Nacionais, Distritais e Regionais”.
E acrescenta, “Estas Instituições embora tenham objectivos diferentes comungam do mesmo espírito: dotar o Campo de infra-estruturas, meios e actividades que abranjam todas as idades”. Sob o ponto de vista económico sabemos que na segunda metade do século XV, havia uma cultura florescente de linho para fins artesanais, comércio de cereais e vinha, extracção de sal e madeira além da construção naval.
A produção era escoada pelo porto fluvial de Tornada. Outrora, as terras eram bem verdejantes, despoluídas e revestidas de flores. Os agricultores encontravam-se rodeados por plantas, animais e perfumes diversos, misturados com agradáveis sensações de bem estar e lazer.
Espessos e emaranhados mantos de trepadeiras juntavam-se aos caniços e nenúfares de largas folhas que se estendiam sobre a superfície das águas.
O principal sustento e riqueza era proveniente das searas de trigo e campos de milho. A moagem surge, neste contexto, com um papel de destaque na industria tradicional, como o podem comprovar os cinco moinhos de vento, quatro dos quais feitos de madeira, que pertenceram a António Nobre, Cipriano Paiva, Camilo Couto e José Aires do Couto (o proprietário do moinho mais antigo e feito de pedra).
A azenha do Joaquim Bernardino, mais conhecido por “ Ti Poquito”, (totalmente destruída), igualmente nos poderia projectar para fabulosas histórias. O “Rio do Peixe” foi sempre essencial para a subsistência das populações locais. Segundo a tradição, a abundância de peixe era tanta que, quando havia temporal no mar da Nazaré, os pescadores vinham pescar para este sítio, permanecendo aqui durante vários dias. Estes ribeiros, de águas cristalinas (actualmente a Vala do Brejo e a Vala da Palhagueira) transformaram-se em valas pouco limpas e mal cheirosas, por onde actualmente correm efluentes urbanos (até quando?).
Pelo fim da manhã, o 61º passeio pedestre, com grau de dificuldade fácil e circular como os anteriores, concretizou-se em duas horas e quinze minutos, numa extensão de cerca de dez quilómetros, para um grupo recorde de cento e setenta e cinco caminheiros.
À direcção da Associação de Cultura e Recreio do Campo, principalmente ao seu Presidente, Sr. António Ferreira, um dos principais promotores e dinamizadores deste passeio, almoço e convívio, além dos textos fornecidos, deixamos expressos os nossos agradecimentos.
Texto – Manuel Correia
Fotos – Ana Sousa Santos e Jorge Melo
É curioso o conhecimento que têm do concelho das Caldas.
ResponderEliminarDizer que a freguesia de Tornada tem dois lugares: Tornada e Campo; e que o Chão da Parada é um aglomerado! O Chão da Parada não é só a rua principal que vos leva a passear a São Martinho (quando vão de carro)!