64º Passeio junho 2006



“PELA MATA MEDITERRÂNICA DAS MESTRAS ”

25 de Junho 2006

Santana, pequeno lugar da freguesia de Carvalhal Benfeito, foi o ponto de partida e o centro de convívio para os Caminheiros dos Pimpões, no último domingo de Junho.

Continuar a descobrir o Património Cultural e Ambiental dos antigos Coutos Cistercienses e usufruir de contínuas e renovadas sensações paisagísticas, é sempre uma grande aventura!

O grupo partiu da Associação Recreativa de Santana e prosseguiu num percurso circular como os anteriores, através de carreiros e estradas de terra batida que cruzam verdes campos primaveris revestidos de belos coloridos, passando pelos lugares de Cabeço dos Touros, Casal Novo, Vale da Vaca, Casal da Pardaleira, Mata das Mestras e Pinhoas. O rio de Santa Catarina, que nasce na Fonte da Senhora, na Benedita, agora mais forte com a junção do ribeiro Pantaleão, é uma fonte de riqueza para as várzeas e culturas hortícolas praticadas na zona.
Explicando a toponímia local, poderemos afirmar que Santana deriva da aglutinação do nome da padroeira do lugar. Sant’Ana, (a protectora das avós), juntamente com S. Joaquim foram os pais da Virgem Maria e os avós de Jesus Cristo. O tema da representação iconográfica desta imagem habitualmente aparece associada à educação de Maria, em que a mãe, com um livro aberto, ensina a filha a ler. A capela que lhe é dedicada, outrora integrada na antiga Quinta de Santana (hoje totalmente destruída e repartida em pequenas propriedades), encontra-se bastante alterada em relação à sua traça primitiva.

Os outros nomes dos sítios e lugares por onde os caminheiros fizeram a sua digressão, estão associados às actividades agrícolas e pecuárias (principalmente à exploração do gado bovino), desenvolvidas através dos tempos, por estas populações campestres.
Sobre a origem do lugar das Mestras, (que ainda mantém uma certa influência cultural na localidade, atendendo a que na actualidade possui a única Escola do 1º Ciclo no conjunto de todos estes lugares), tivemos algumas informações prestadas pelo Sr. José Fortunato.
Este ancião, de oitenta e um anos de idade, sapateiro de profissão (que continua a fazer belos pares de botins em pele, “que não chegam para as encomendas...”), alternando o seu discurso com algumas quadras soltas e canções, que espontaneamente fazem recordar a sua mocidade, relatou-nos que, outrora, a Mata se encontrava associada à vinda, do Norte do País, de duas “Mestras” (seriam duas irmãs da Ordem de Cister relacionadas com o Convento de Cós?) que teriam exercido uma forte influência cultural sobre a população, ensinando desde as primeiras letras do alfabeto até aos mais variados lavores domésticos. Afirmou ainda que “elas eram também donas de grande parte da mata”.

A Mata Nacional, com cerca de cem hectares de floresta mediterrânea, revestida essencialmente de sobreiros, também exerceu, ao longo dos séculos, um papel importante na fixação, desenvolvimento e subsistência das populações.
Nas lendas que brotam desta densa mancha verde ainda subsiste a da Cova dos Lobos (agora já sem estes animais e em vias de extinção no nosso País) que tanto atormentaram os pastores e os seus rebanhos!
Dos guardas florestais, essenciais para o zelo do bem público e fundamentais no combate aos incêndios e protecção das nossas florestas, ainda são recordados os nomes de Manuel Ralha, José Galhardo e Porfírio José Ribeiro. (Lamentamos o estado de abandono e degradação a que estão actualmente sujeitas as antigas instalações destes funcionários públicos.)
Os Irmãos Conversos ou Barbatos (como também lhes chama Alexandre Herculano na sua obra “O Monge de Sister”) aparecem, segundo a lenda, igualmente associados ao passado desta Mata das Mestras.

A observação de aves e o contacto com a Natureza podem proporcionar uma excelente forma de motivar as populações para respeitar o Ambiente. A comunidade escolar da Escola E. B 2,3 de Santa Catarina tem usufruído de um modo muito significativo deste espaço mediterrâneo, através da realização de diversas actividades lúdico /ambientais.
Contribuíram para o sucesso deste passeio pedestre a Direcção da Associação Recreativa, Desportiva e Cultural de Santana, com destaque para o seu Presidente, Sr. José Marciano que, desde o início se disponibilizou para organizar e dinamizar o almoço convívio e o lanche reforçado a meio do percurso.
Queremos agradecer também a presença da Presidente da Junta de Carvalhal Benfeito, Maria João Querido que, embora receosa no início da caminhada, acompanhou com agrado e boa forma física os caminheiros, durante todo o percurso.

Este belo e verdejante 64-º passeio pedestre, com grau de dificuldade médio e circular como os anteriores, numa extensão de cerca de dez quilómetros, foi mais uma vez concretizado por um grupo de cinquenta e cinco resistentes caminheiros, em duas horas e quinze minutos.

Texto – Manuel Correia
Fotos – Ana Sousa Santos, Jorge Melo, Clarisse Nascimento

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