68º Passeio Novembro 2006
“CABEÇO DO CASTELO” Santa Catarina
26 de Novembro 2006
Santa Catarina, uma das catorze vilas dos antigos coutos de Alcobaça, extinta como Concelho em 1833, foi anexada em 1898 ao concelho das Caldas da Rainha. Actualmente, a Freguesia engloba os lugares de Abrunheira, Casal do Bicho, Casal da Coita, Casal da Cruz, Casal das Freiras, Casal da Marinha, Cumeira, Granja Nova, Mata de Porto Mouro, Peso, Portela e Relvas. A padroeira desta Vila é Catarina de Alexandria, nascida de uma família nobre, nos finais do Século III (292 ?).
Conta-se que quando o Imperador Maximino a quis desposar, Catarina repeliu-o dizendo que era noiva de Cristo, facto que lhe proporcionou o martírio. A sua imagem é representada como princesa coroada. A palma significa o martírio; a roda partida e a espada lembram os instrumentos que lhe deram a morte. Santa protectora dos estudantes, filósofos e advogados, a sua festa celebra-se a 24 de Novembro.
As escavações efectuadas no Castro, localizado no sítio do Castelo, iniciadas em 2004, testemunham a existência de um povoado da Idade do Ferro. Durante as guerras tribais Célticas e pré-Célticas (590 a.C.), os Castros foram importantes locais de refúgio. Em geral, a acrópole estava circundada por três cinturas de muralhas, construídas em momentos diferentes, devido ao crescimento do próprio povoado.
As casas, na maior parte, eram circulares e algumas rectangulares, feitas de pedra solta e terra, com telhado cónico de colmo suspenso por um pilar de madeira central. Os Romanos destruíram muitos destes castros, devido à resistência feroz que lhes ofereceram (entre 138 a 136 a.C.). O Castro de Santa Catarina, a uma altitude de 230 metros, encontra-se também num avançado estado de degradação.
Nos campos circundantes aos castros, a cevada era cultivada para produzir uma espécie de cerveja, (bebida esta desconsiderada por gregos e romanos, habituados ao requinte do vinho, que a consideravam bebida dos bárbaros).
Os romanos introduziram o hábito do consumo do vinho e do azeite. Também a bolota era triturada para criar uma espécie de farinha.
O povoado em questão é um exemplo claro de controlo de uma via de penetração da Serra dos Candeeiros para o mar.
Nos Séculos XIV e XV, Santa Catarina, associada aos domínios territoriais da Ordem Cisterciense, possuía uma actividade agrícola e comercial intensa. Era também local de passagem da estrada que ligava os Coutos a Santarém (dispondo de albergaria). A 4 de Fevereiro de 1307, Santa Catarina recebia a Carta de Foro Eclesiástico ou Cartas de Povoamento, do Abade de Alcobaça.
O termo da Póvoa de Santa Catarina surge nos documentos definido com uma área compreendida entre a Granja da Ferraria e a Granja Nova. A carta previa que aí se instalassem e pagassem direitos trinta e um povoadores (com as suas famílias), que deveriam ocupar outros tantos casais, à excepção das vinhas e de algumas granjas exclusivas do Mosteiro. Ao fim de seis anos, as terras ficavam na posse dos colonos, ainda que continuassem a pagar os impostos ao Mosteiro.
Em 1514, este Concelho designado por Vila de Santa Catarina, recebeu do Rei D. Manuel I, o Foral Novo (acontecimento recentemente comemorado pelo Agrupamento de Escolas de Santa Catarina, nos dias 2 e 3 de Junho de 2006, com a realização de um Mercado Medieval).
Entre o seu património construído destacamos:
O Pelourinho, do Séc. XVI, símbolo do poder e justiça dos homens do concelho, era o local onde se aplicavam os castigos decididos pelos juízes, tais como: penas corporais, (aplicação de açoites, amputação de membros ou cegueira) e a execução capital (pena de morte pela espada ou forca). Em 1960 efectuou-se a sua reconstrução.
Na década de 90 (1990) procedeu-se à sua implantação no actual largo, junto à Igreja.
A Igreja Matriz, do século XVI, é um templo essencialmente influenciado pelo estilo Barroco (Século XVIII). Em 1980, sofreu grandes obras de ampliação e reestruturação.
A Torre barroca, com relógio e respectivos sinos, é rematada em coruchéu octogonal de ângulos quebrados e coroado por cata-vento.
Na capela do Coração de Jesus encontra-se o túmulo do fidalgo Johan Roiz Português, Cavaleiro da Casa de El-Rei, falecido em 14 de Julho de 1554. Esta capela, de tecto abobadado, com nervuras firmadas por dez barretes e com pedraria pintada, é uma das melhores peças arquitectónicas do templo, com abóbada quinhentista.
A Casa Nobre é uma edificação setecentista com portal decorativo ornamentado. Uma fiada de sacadas, bem proporcionadas, enobrece a fachada. As principais actividades económicas desta Vila incidem essencialmente sobre a cutelaria, a marroquinaria, a agricultura, a agro-pecuária e a cantaria.
Nos seus tempos de lazer, não deixe de voltar a Santa Catarina, para uma visita mais pormenorizada.
Texto - Manuel Correia
Fotos - Jorge Melo e Ana Sousa Santos
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