70º passeio Fevereiro 2007



“AO ENCONTRO DA ARQUITECTURA DE ALMOFALA”

25 de Fevereiro 2007

Alvorninha, uma das catorze vilas dos coutos de Alcobaça, engloba cerca de cinquenta e três lugares, sendo assim a maior freguesia do concelho das Caldas da Rainha. D. Afonso Henriques teria passado por estas terras em Março de 1143 e reconquistado a Região aos Mouros. Estes deixaram inúmeros vestígios, como, a título de exemplo, podemos referir os topónimos de Almofala, Alvorninha, Alqueidão entre outros nomes.

A típica aldeia de Almofala (a necessitar urgentemente obras de intervenção), com várias casas de habitação muito antigas, onde o ano 1628 pode ser verificado numa delas e a maioria com varandas alpendradas, teve a sua origem, possivelmente, do Árabe (Al-mahala = a aldeia, arraial ou acampamento).

De facto, os Muçulmanos comandados por Tarique, governador de Tânger, desembarcaram e invadiram a Península Ibérica em 711 (Século VIII), permitindo a conquista de Toledo, a Capital, e a ocupação do nosso país até ao Século XIV. Em 1349, D. Afonso III expulsou os Muçulmanos do Algarve, após uma permanência de cerca de seis séculos.

Numa outra versão, e segundo a tradição popular, consta que existia neste local uma árvore, um álamo, junto ao qual eram justiciados os criminosos da terra. Um dia, quando o carrasco se preparava para dar início a uma execução, pareceu-lhe que provinha uma voz de dentro do álamo e ele pronunciou a seguinte a frase: “Álamo, fala!”. De facto, diz a lenda, a árvore falou e disse o nome do verdadeiro culpado. Assim se salvou um inocente. A junção destas duas palavras deu origem ao nome de Almofala. Esta memória continua a ser perpetuada na aldeia com a denominação da Rua do Almo. (Contudo, parece que o nome não está correcto).

Efectivamente, o Álamo é uma árvore espontânea de grande porte que geralmente se dá bem nos lugares húmidos, a cuja família pertencem algumas espécies também conhecidas por alambra, choupo, choupo-branco, choupo-negro, faia-branca. No Hemisfério Norte, existem cerca de 30 espécies de choupos. A sua madeira, leve, macia, branca e de pouca durabilidade, emprega-se no fabrico de fósforos, colheres de pau e caixas. O álamo branco ou árvore pópulo é também conhecido pela árvore do paraíso.

Falando de outros aspectos culturais e históricos ligados a ALMOFALA, foram encontrados, na aldeia, machados de pedra polida (possivelmente do Período Neolítico), algumas grutas, vestígios de Silos (cinco ou seis) Romano-Árabes escavados na sorraipa (idênticos aos silos ainda existentes na Freguesia das Alcobertas no concelho de Rio Maior).

A famosa Casa da Pedra Gravada, também conhecida por castelo (segundo o testemunho de um dos residentes na aldeia, o Sr. Ilídio Pina), é notável pelo seu alpendre e por possuir uma pedra a servir de cunhal, com figuração Neolítica. Este vestígio arqueológico tem sido, nos últimos anos, objecto de estudo de vários especialistas.

Devido às suas várzeas com excelentes terrenos de cultivo, é bem visível a sua importância agrícola nos antigos Coutos de Alcobaça, como o testemunha a antiga Granja, conhecida por Quinta de Almofala. Este edifício possuía amplas salas decoradas, celeiros, lagar de azeite e de vinho, adega, alambiques, forno, cela de prisão e um belo fontanário onde ainda se pode ler a inscrição do ano 1763.

A capela da aldeia, datada de 1786 e implantada num morro, com uma pequena escadaria, alpendre e colunetas, é dedicada a Nossa Senhora das Necessidades, cuja festa se celebra no último domingo de Agosto. No final do Século XX, funcionava, ainda, na aldeia, um lagar de varas.

O percurso, circular como os anteriores e com uma extensão de cerca de onze quilómetros, teve o seu início na Associação Cultural e Desportiva de Almofala e a duração de três horas. Durante o trajecto, o grupo, formado por setenta e cinco caminheiros, passou pela Barragem de Alvorninha onde o Presidente da Junta de Freguesia, Eng.º Virgílio, fez uma breve resenha histórica sobre a construção e os objectivos desta obra pública. Junto da mesma, há uma placa, de 22 de Janeiro de 2005, que diz: “Barragem - Aproveitamento Hidroagrícola de Alvorninha inaugurada pelo Primeiro Ministro, Dr. Pedro Santana Lopes e benzida pelo Cardeal D. José Policarpo”.

Contribuíram para o sucesso deste 70º passeio pedestre, que terminou com um excelente almoço de deliciosas iguarias, na sede da Associação Cultural e Desportiva, a sua Presidente D. Natália Silva, o Sr. Ilídio Pina e Esposa e outros elementos da Colectividade a quem deixamos expressos os nossos agradecimentos.

Se deseja estar em boa forma física e contactar com a natureza na Freguesia de Maiorga, Alcobaça, junte-se ao grupo no último domingo de Março. Este evento terá o seu ponto de encontro às nove horas, em frente à sede dos Pimpões, ou à mesma hora, na Casa da Cultura de S. Martinho do Porto.


Texto – Manuel Correia
Fotos – Ana Sousa Santos e Jorge Melo

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