90º Passeio Janeiro 2009

Fanadia – São Gregório VIDAIS
25 de Janeiro de 2008




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São Gregório

O primeiro passeio pedestre dos Pimpões de 2009, que habitualmente se efectua nas manhãs dos últimos domingos de cada mês, em parceria com a Casa da Cultura José Bento da Silva, de S. Martinho do Porto, em Janeiro, foi realizado na freguesia de S. Gregório, por entre encostas e vales da Fanadia com passagem pela fonte e lavadouro públicos e vale que separa este lugar das aldeias de Cortem e Carrasqueira. Esta é uma das freguesias do Concelho das Caldas da Rainha cujas origens ainda são mal conhecidas, mas cujas lendas se entrecruzam com a história.

Em 1512, com 32 vizinhos, S. Gregório encontrava-se incluída no recenseamento da Vila de Óbidos. A transição para as Caldas deu-se a 7 de Setembro de 1895.

Os primeiros aglomerados habitacionais estarão associados ao sítios das “almuinhas” e “escombros”, cujo testemunhado parece ser transmitido pela presença de uma antiga igreja em honra de Nª. Sª. do Rosário que não terá sobrevivido ao terramoto de 1755, (sismo que também teve algumas repercussões na Região Oeste).

A freguesia é composta essencialmente por cinco lugares: S. Gregório, Fanadia, Casais da Boavista, Casais da Mata Velha e Casais da Paraventa.

O seu orago, São Gregório Magno, nasceu em Roma numa família da aristocracia tradicional romana. Chegou a ter uma carreira política que o levou ao cargo de Perfeito da Cidade e Papa de 590 a 604. Dedicando-se à vida religiosa, como monge Beneditino, foi protector dos cantores e responsável pelo estilo de música conhecida como canto gregoriano.

Entre as gentes dedicadas e trabalhadoras desta terra fala-se de duas irmãs da Fanadia, a D. Rosalina e a D. Gertrudes Carlota, que ficaram célebres por exercerem a actividade de doceiras, em Lisboa, na corte do Rei D. Carlos. Com a crise e queda da Monarquia, em resultado do Regicídio de 1908 e da implantação da República a 5 de Outubro de 1910, estas senhoras voltaram à sua terra natal, tendo-se dedicado, na Cidade das Caldas da Rainha, junto ao Hospital Termal, à venda de cavacas e beijinhos.

Como freguesia de cariz rural, de terrenos acidentados, mas bastante férteis, é detentora de uma das maiores manchas florestais do Concelho, onde as antigas culturas de linho, cevada, trigo, azeite e vinho deram lugar à fruticultura, com predomínio para o cultivo da macieira. Por se situar num planalto elevado com vistas de rara beleza, onde se encontra um dos pontos mais altos do Concelho, o “Cabeço do Seixo”, junto a um marco geodésico, tem inspirado e influenciado várias famílias a fixarem as suas residências por estas terras.

Nas actividades económicas, além da agricultura e pecuária, destacam-se a indústria de transformação da madeira, carpintaria, serralharia civil, comércio e prestação de serviços.

Para falar do lugar da Fanadia é necessário recuar no tempo, possivelmente até à fundação da nacionalidade, ou mesmo à época mourisca. Dizem as lendas que esta terra foi habitada por mouros e que mais tarde, a quando da reconquista cristã, uma moura se terá refugiado no local hoje denominado por “Fonte da Moira”. Da existência da moura ou não, deixamos para as histórias contadas à lareira nas noites de Inverno, onde os avós e pais, outrora deliciavam as crianças com estas narrativas de encantar (hoje substituídas por novelas televisivas ou jogos de computador).

A capela é dedicada a S. Sebastião, padroeiro dos animais e protector dos males da peste e da fome.

“As Ceifeiras da Fanadia”, Rancho Folclórico e Etnográfico, cuja fundação remonta a 1934, tem tido um papel fundamental, principalmente a partir da sua renovação em 1982 /1984, na recolha etnográfica com destaque para a música, como os “bailaricos, viras, verde gaios, corridinhos, valsas, reinadios, passecates, fadinhos, enleios e marchas”. A sua fama tem-se projectado para além de Espanha, França, Bélgica, Letónia, Canadá e Dinamarca. No dia 15 de Maio de 2007 recebeu, da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, a medalha de mérito, grau bronze.

Destacamos também, nesta aldeia, a colecção particular de artefactos agrícolas do Sr. Sérgio Pereira, que a classifica como “Museu Etnográfico do Rancho”, espaço que, até 1965, fora um lagar de azeite. Refere o autor que “o espólio é composto por um conjunto de peças recolhidas ao longo dos tempos e que fazem parte da colecção particular, que o grupo etnográfico preserva, melhora e estuda. As peças foram/são recolhidas essencialmente na Fanadia e aldeias vizinhas numa permanente pesquisa etnográfica como documento histórico da eterna luta de sobrevivência do homem com a terra, para estudo e afirmação da identidade local e regional.”

Contribuíram para o sucesso desta caminhada o jovem guia Hélio Silva, o Presidente da Junta de Freguesia de S. Gregório, Sr. João Silva e a Direcção do Grupo Desportivo da Fanadia, que proporcionaram uma excelente recepção e almoço, a quem deixamos expressos os nossos agradecimentos.

Se deseja continuar de boa saúde, conviver com pessoas bem dispostas e em contacto com a natureza, junte-se ao grupo dos Caminheiros dos Pimpões, no último domingo de Fevereiro, para melhor conhecer Vale de Maceira.

Este evento terá o seu ponto de encontro às nove horas junto à sede dos Pimpões.

Manuel Correia
Organização – GRUPO DE CAMINHEIROS DOS PIMPÕES

Participação da Casa da Cultura José Bento da Silva
Colaboração do Clube Recreativo da Fanadia

Comentários

  1. Afinal até parece que o tempo esteve mais ou menos e fizeram uma caminhada porreira. Sempre pensei que ia chuver bem e não valia a pena ir.

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