48º Passeio Março 2005



" Em redor da CELA NOVA "

No passado domingo, três de Abril, sob o efeito da tão desejada chuva que tem tardado a chegar, os caminheiros dos Pimpões lá partiram, mais uma vez à aventura, para o Concelho de Alcobaça, percorrendo as ruas, carreiros e trilhos da freguesia de Cela a Nova, tendo, assim, concretizado o 48º passeio pedestre, em parceria com a Casa da Cultura José Bento da Silva, de S. Martinho do Porto. Cela a Nova, com mais de oito séculos de história, foi uma das catorze vilas dos antigos coutos de Alcobaça, que recebeu carta de foral do Abade em 1286 e 1324. O rei D. Manuel I, concedeu-lhe o foral novo, que confirmou a sua condição de sede de concelho, em 1514. Destacamos, entre o seu património construído, a Igreja Matriz, belo edifício de estilo manuelino, restaurado em 1909 e dedicado a Santo André, (irmão de S. Pedro, que tem a incumbência de pescar das profundezas, as almas dos náufragos e entregá-las a Deus; é também santo casamenteiro,); o pelourinho manuelino, símbolo da justiça municipal, do século XVI; o edifício da Misericórdia (ainda com os símbolos da instituição na fachada principal); o celeiro cisterciense, actualmente na posse da família Figueiredo e o moinho do Sr. Manuel José Carvalho, mandado construir em 1890 e restaurado em 1993. Da antiga Igreja Matriz subsiste a talha dourada do século XVIII, a pia baptismal e as gárgulas manuelinas, com figuras mitológicas associadas ao elemento feminino. O Centro Cénico, instituição de referência no Concelho de Alcobaça, fundado em 1973 como uma associação onde se representava teatro e se promovia o convívio é, actualmente, uma Instituição Particular de Solidariedade Social com inúmeras actividades desportivas, musicais e de cariz social para a infância e para a terceira idade. Curiosamente, após alguns anos de interregno, voltou à actividade o seu grupo de teatro, com a peça ”Médico à força”, de Moliére, grupo este que esteve na origem da fundação da Associação. Os caminheiros partiram do adro da Igreja Paroquial, em direcção ao Casal da Maceda, descendo pelo caminho dos Carvalhos (designação atribuída não ao “Quercus”, carvalho). Este caminho, segundo relata o Presidente da Casa da Cultura, tem uma história fascinante: ”A família Carvalhos possuía várias propriedades no vale fértil. Para lá chegar, utilizavam um carreiro rural, em muito mau estado, uma vez que o acesso principal existia pelo outro lado da Cela. Assim, o senhor Carvalho decidiu proceder ao seu arranjo por sua conta e, durante muitos anos foi colocando pedras ao longo de todo o percurso, de forma a facilitar a passagem dos seus carros de bois por aquele acesso. Hoje, embora seja público, é conhecido por - o caminho dos Carvalhos”. Após esta descida bastante acentuada e enlameada, rodeada por matos e arbustos donde exala o aroma primaveril, próprio desta estação do ano, chaga-se à Quinta da Cela Velha. No vale, o conjunto do sítio das azenhas de rodízios, o canal de abastecimento de água e o ribeiro mourelo, formam um conjunto deslumbrante! O grupo, formado por cerca de sessenta pessoas, amantes da natureza e em boa forma física, percorreu os oito quilómetros propostos em duas horas e trinta minutos, num ambiente agradável e relaxante, em contacto com o meio natural e histórico.

Texto – Cipriano Simão e Manuel Correia Fotos – Ana S. Santos e Jorge Melo

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