54º passeio Setembro 2005
“ POR VALES E PLANALTOS DO COTO”
No último domingo do mês de Setembro, após umas breves férias de Verão, o grupo de Caminheiros dos Pimpões, cerca de sessenta pessoas, recorrendo à prática do exercício e de actividades desportivas para usufruir de um certo bem estar físico, (hábitos que, felizmente, cada vez mais vão desempenhando um papel fundamental no dia a dia das pessoas), escolheu a Freguesia do Coto para concretizar mais uma das suas actividades, o 54º passeio pedestre. A freguesia peri-urbana do Coto, uma das mais pequenas do concelho das Caldas da Rainha, é formada pelos aglomerados do Coto, Vale do Coto, Casais da Ponte, Casais da Serralheira e Casais de S. Jacinto.
Apesar de não se conhecerem muitos dados históricos sobre as origens desta terra, um desses documentos antigos, que remonta ao século XIV, faz uma breve referência ao local, num mapa de registo de propriedades da Igreja de Santa Maria de Óbidos e de bens deixados ao clero, nos seguintes termos: “O casal deixado à igreja por mestre Gil, no Coto (junto a Tornada)”, que se localizava junto ao limite Sul da extensão máxima dos Coutos de Alcobaça...”. Presume-se, assim, que este “ Casal ” esteja associado às origens do nome do lugar. A paróquia do Coto foi criada a 28 de Abril de 1610.
Em 1793 aparecem os primeiros registos de assentos de baptismo, o que leva a crer que seja a data da fundação da Paróquia. Em 1836, deixou de pertencer a Óbidos e foi integrada no concelho das Caldas da Rainha. Entre o seu património construído não podemos deixar de referir e aconselhar a visita à deslumbrante Capela de S. Jacinto, Monumento Nacional, considerado como uma das obras primas deste Concelho e cuja construção remonta aos finais da Idade Média. Ao longo dos tempos esta capela sofreu diversas obras de restauro, com destaque para as efectuadas entre 2001 e Junho de 2003 e, anteriormente, as de 1920, sob a coordenação de José Filipe Gomes Netto Rebelo, (cuja placa identificativa se encontra no local).
No seu interior encontra-se um dos conjuntos de azulejos figurativos a azul e branco, dos mais notáveis do nosso País, (segundo a opinião do Historiador e especialista em azulejaria, José Meco), que revestem integralmente as paredes da nave e da capela-mor. A temática destes painéis está associada aos milagres do orago da Ermida: “São Jacinto salva uma imagem de Nossa Senhora, de uma igreja em chamas; atravessa o rio Dnieper, com dois companheiros em cima de uma capa; expulsa os demónios; dá assistência a um grupo de enfermos...”. S. Jacinto foi um frade Polaco, da Ordem Dominicana, nascido por volta de 1200, que terá pregado através da Rússia e Prússia (antiga Alemanha). Há uma lenda muito interessante sobre esta personagem, que não podemos deixar de recordar e que passamos a citar: “São Jacinto era um simples frade nas montanhas do leste da Polónia, quando o mosteiro onde se encontrava foi atacado e incendiado pelos Tártaros.
No momento do ataque, Jacinto encontrava-se a celebrar a missa. De repente, agarrou no ostensório da igreja e na imagem de Nossa Senhora das Dores e atravessou, não apenas o fogo, mas todos os inimigos sem sofrer qualquer arranhão, até chegar às margens do rio Dnieper”. A antiga Igreja paroquial, dedicada a Nossa Senhora dos Anjos, foi mandada construir em 1610, aquando da criação da paróquia. Na actualidade, devido ao aumento e empenho da população, foi edificada uma nova Igreja, iniciada em 1993 e concluída em 2002. As actividades económicas desta freguesia, desde longa data, estão associadas à agricultura, pecuária, floricultura, indústria de cerâmica, serralharia e à prestação de serviços. A aldeia foi crescendo e, nos anos 60, apareceram os primeiros operários fabris, com a instalação da empresa "Águas do Arieiro".
Passa por esta linda terra um dos poucos roteiros ecológico do Concelho, o percurso do Vale Tifónico, (inicialmente de terra batida e agora quase todo asfaltado), que está ligado a aspectos patrimoniais e paisagísticos, de grande interesse para a Região Oeste. Do miradouro do Vale do Coto pode usufruir-se de uma exuberante paisagem! Todavia, parte desta zona verde, encontra-se parcialmente destruída e fustigada pelo fogo, que neste último Verão, avassalou a zona, pondo em perigo várias casas de habitação, provocando a dor e o pânico entre os seus residentes ( o que será preciso fazer para acabar rapidamente com este flagelo?). Entre as suas festas e romarias não podemos deixar de lembrar a festa do chouriço (Fevereiro), a festa de S. Jacinto (Julho) e a festa em honra de Nossa Senhora dos Anjos, a padroeira desta terra, (1ª semana de Setembro).
Ao Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Carlos Rodrigues, ao Presidente e restantes elementos da Direcção da Associação Recreativa e Cultural do Coto (ARECO ), deixamos expressos os nossos agradecimentos. Sabendo que o exercício físico tem efeitos emocionais muito positivos sobre os seus praticantes, prevenindo o envelhecimento, aparecimento de doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, osteoporose, obesidade, e para continuar a adoptar um estilo de vida saudável que lhe proporcione um “corpo são em mente sã”.
Fotos – Jorge Melo Texto – Manuel Correia
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