57º Passeio naufrágio S.S Romania
O S. S. ROUMANIA, veleiro inglês construído em 1889, naufragou junto à barra da Lagoa de Óbidos a 28 de Outubro de 1892.
O NAUFRÁGIO E O CEMITÉRIO DOS INGLESES
No cemitério da Freguesia da Serra do Bouro repousam os corpos de algumas vítimas do naufrágio do barco inglês ROUMANIA, ocorrido a 27 ou 28 de Outubro de 1892. O barco naufragou junto ao Gronho, (a barra da entrada da Lagoa de Óbidos) devido a um grande temporal acompanhado de nevoeiro. Possivelmente o naufrágio deu-se de noite, visto que alguns corpos apareceram nas praias, em camisa de dormir. Apesar da proximidade da terra, a cerca de 200 metros, a violência das ondas e os remoinhos foram tais, que as pessoas morreram por exaustão. Naufragaram cerca de duas centenas de pessoas.
Nos dias seguintes os corpos foram aparecendo ao longo da costa. (Parece que o barco é aquele que se encontra afundado à entrada da barra da Lagoa de Óbidos, cujos mastros são visíveis na baixa mar e quando há marés vivas). O facto de estar totalmente coberto de areia tem ajudado a conservar o Roumania, mas é praticamente impossível recuperá-lo por estar afundado exactamente na zona de rebentação.
A cargo do navio era essencialmente constituída por chitas e fazendas, além de máquinas de costura. Transportava material ferroviário destinada à construção de uma linha de caminho de ferro na Índia, antiga colónia inglesa, visto que ainda lá se encontram os carris e uma locomotiva desmontada. Na altura do naufrágio era comum verem-se diversas pessoas da Região a recuperarem parte do espólio do navio, principalmente tecidos de chita, que dava à costa. Em 1963 foi feito um levantamento da carga do navio e alguns trabalhos de desmantelamento e recuperação pela firma António M. Parreira Cruz e Herdeiros Lda.
Em Portugal, a imprensa da época falou bastante do naufrágio: CORREIO DA NOITE; NOVIDADES; SÉCULO; CALDENSE; DIÁRIO DE NOTÍCIAS, DISTRITO DE LEIRIA. A imprensa inglesa também relatou a tragédia: THE TIMES; THE LIVERPOOL DAILY POSTA, entre outros. Todos referem que a bordo vinham pessoas muito importantes e que a viagem se fazia entre a Inglaterra e a Índia. Entre a tripulação, na maioria formada por escoceses, havia missionários, militares, funcionários do Governo e familiares, além dos indianos de quem pouco se fala. Todavia, um dos relatos do naufrágio é feito por um dos indianos que conseguiu sobreviver, devido ao corpo ter dado à costa. Neste "CEMITÉRIO DOS INGLESES", situado no topo Oeste do cemitério da Freguesia do Bouro, estão sepultadas seis pessoas: duas crianças, uma de um ano e outra de dois anos e meio, e quatro senhoras. Neste canto não há homens. Todos estas são campas rasas à excepção da esposa do Revendo William Burgess, Senhora Lillie Hay que tem uma campa diferente com uma lápide à cabeceira e com a data de 27 de Outubro de 1892. Há outros corpos resultantes do naufrágio aqui enterrados mas que não têm lápide. Outros corpos que deram à costa na época foram enterrados em outros locais, como Famalicão, Óbidos, Vau e Peniche. Até há poucos anos atrás o cemitério dos ingleses estava separado do cemitério dos católicos, devido aos facto de serem protestantes. Outrora, na mentalidade popular, era suficientemente importante que os mortos de religiões diferentes não se misturassem.
Existe uma lápide comemorativa do centenário deste acontecimento com os seguintes dizeres, da autoria da Junta de Freguesia da Serra do Bouro: “Em 28 de Outubro de 1892, nesta costa naufragou o navio de nacionalidade inglesa S.S. Roumania. Alguns dos seus náufragos repousam sob estas lápides. Evocação do 1º centenário com a presença das autoridades locais e de entidades consulares britânicas. 12 de Dezembro de 1992”.
FONTE: Semanário Regional – GAZETA DAS CALDAS com publicações nas seguintes datas: 10 Março 1989; 23 de Out. de 1992; 6 Nov. 1992; 18 Dez 1992.
Caldas da Rainha, 27 de Novembro de 2005
Recolha efectuada por – Manuel Correia
novo ano novo blog !
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